sábado, 31 de outubro de 2015

Retornando com... Drummond !

De volta ao blog!

    Sete meses sem escrever aqui. Sete meses sem nenhum registro sobre o semestre anterior nem sobre o atual. Pois é, deixei a desejar no objetivo principal do blog, que é descrever minhas impressões sobre essa vida acadêmica doida que levo...rs! Mas, preciso dizer: nem sei o porquê de não ter escrito por tanto tempo. Afinal, cursei disciplinas maravilhosas no semestre passado, dignas de ser detalhadamente descritas aqui. Mas, tudo bem, nada que não possa ser recuperado com um pouquinho de vontade e empenho — o que será feito nas próximas postagens. ;)

    Para hoje, gostaria de fazer uma pequena e especial homenagem. O dia 31/10 assinala a data de nascimento de um grande poeta brasileiro — o meu preferido — Carlos Drummond de Andrade. Dentre suas obras, destaco a que está transcrita abaixo, que considero um dos poemas de maior força da Língua Portuguesa.

Os ombros que suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram. 
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança. 
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

    Há algo que transcende as palavras neste poema, não sei explicar. Mas, entendo que quando o poeta consegue esse efeito no leitor, atingiu totalmente seu objetivo.

Drummond, obrigada!
    Claro que eu não podia encerrar esta postagem de retorno e de homenagem a Drummond sem colocar essa foto, que fiz com a famosa estátua do poeta que fica em Copacabana, no Rio de Janeiro. Sério, a foto é bem disputada! Havia uma fila aguardando o momento de fotografar. Bacana, né?!

    Então, por hoje, era isso. Nos próximos posts escreverei sobre as coisas interessantes que vivi em 2015/01 e o que de bacana está acontecendo neste 2015/02.

Até breve (prometo)!


segunda-feira, 30 de março de 2015

O Terror Cósmico de H. P. Lovecraft


Ph'nglui mglw'nafh Cthulhu R'lyeh wgah'nagl fhtan.*

Ia! Ia! Cthulhu fhtagn!**

    Há muitos anos atrás, um amigo me emprestou alguns livros. Dentre eles, havia um cujo título era A cor que veio do espaço. Naquela época, eu não sabia nada a respeito da obra e sequer havia ouvido falar no autor. Não lembro exatamente o porquê, mas escolhi aquele livro para ler primeiro. Acho que foi por causa do nome. Como gosto demais de ficção científica, um título que contivesse a palavra “espaço” certamente chamaria minha atenção. O mais estranho é que, depois de terminar a leitura - e ainda que tenha gostado muito do livro -, não fui imediatamente atrás de outra obra desse escritor. A cor que veio do espaço ficou como que adormecida na minha mente. De vez em quando, acordava, e então eu falava sobre o livro, o quanto era bom e diferente de tudo o que eu já havia lido.



    Então, no ano passado, prestes a embarcar para o Rio, fui dar uma conferida nos pocket books da livraria do aeroporto. Havia lá dois livrinhos do Lovecraft e o que me atraiu na hora foi O curioso caso de Charles Dexter Ward. Algum tempo depois, comprei mais dois pockets. E, no Natal, "me dei" de presente a obra completa do autor, em uma edição da Hedra, que publica no Brasil vários títulos desse escritor.


742 páginas para ler e reler
Autor e obra

    O fato é que aquele livro, lido lá em 2002, me apresentou algo novo: o universo de Howard Phillips Lovecraft (1890-1937), e mexeu com a minha cabeça de leitora de forma irreversível. Mas, o que exatamente Lovecraft escreve? Terror? Ficção? Realismo fantástico? Ou tudo isso junto e algo mais? É até difícil definir seu estilo,  mas o próprio autor denominava sua literatura de Cosmicismo ou Terror Cósmico. O fato é que esta literatura tem sido motivo de inspiração não só para os leitores mas também escritores, cineastas, músicos, video games e RPG.

    Como define a Wikipedia:


O princípio literário de Lovecraft era o que ele chamava de Cosmicismo ou Terror Cósmico, que se resume à ideia de que a vida é incompreensível ao ser humano, e de que o universo é infinitamente hostil aos interesses do homem. Isto posto, as suas obras expressam uma profunda indiferença às crenças e atividades humanas. (...) Muitos dos trabalhos de Lovecraft foram diretamente inspirados por seus constantes pesadelos, o que contribuiu para a criação de uma obra marcada pelo subconsciente e pelo simbolismo. As suas maiores influências foram Edgar Allan Poe, por quem Lovecraft nutria profunda afeição, e Lord Dunsany, cujas narrativas de fantasia inspiraram as suas histórias em terras de sonho. Suas constantes referências, em seus textos, a horrores antigos e a vulgarmente chamada Cthulhu Mythos, contendo vários panteões de seres extra-dimensionais tão poderosos que eram ou podiam ser considerados deuses, e que reinaram sobre a Terra milhões de anos atrás. Entre outras coisas, alguns dos seres teriam sido os responsáveis pela criação da raça humana e teriam uma intervenção direta em toda a história do universo." (grifo meu)

    A maioria das histórias é narrada em primeira pessoa. Através desse recurso, o protagonista-narrador envolve e conduz o leitor por situações em que realidade, sonho e pesadelo se misturam, perturbando e provocando estranhamento, medo e mal-estar. Os personagens travam contato com forças cósmicas ancestrais, conhecimentos proibidos, cultos secretos. Nenhuma pessoa jamais deveria ter visto ou sabido dessas coisas, e a consequência é perceber que fronteira entre a realidade e a imaginação, o devaneio e a lucidez é tênue e imprecisa. O resultado é uma atmosfera de pessimismo e a inevitável sensação de que há algo oculto no universo do qual não podemos escapar.

Os Mitos de Cthulhu

    Há toda uma mitologia criada por Lovecraft e que impressiona pela grandiosidade e forma monstruosa das criaturas. Há bilhões de anos atrás, estes seres teriam vindo do espaço para habitar na Terra. O ser humano teria sido criado por eles para servi-los. Porém, esses deuses partiram para as estrelas ou sumiram no oceano, de onde comunicam-se com alguns através de sonhos. Com isso, estabeleceram-se seitas misteriosas que cultuam esses seres cósmicos. Cthulhu, o deus tentacular, é o mais conhecido, mas há diversos outros como Azathoth, Dagon, Nyarlathotep e Yog-Sothoth .

    Inspirados em divindades de várias culturas, Os Grandes Antigos (em inglês Great Old Ones) representam nada menos do que uma metáfora para um Universo caótico e a insignificância do homem perante este Universo. Não há Bem e Mal, castigos ou recompensas e sim a completa indiferença das forças da Natureza em relação ao sofrimento e à existência humana.

O Necronomicon

    A obra de Lovecraft é tão envolvente que, além do legado literário , o escritor deixou algo que até hoje fascina e intriga muita gente. A maioria talvez nem saiba, mas certamente já assistiu a filmes ou até ouviu músicas que fazem referência ao Necronomicon, também conhecido como Al Azif, ou Livro dos Nomes Mortos. Escrito pelo árabe louco Abdul Alhazred, seu conteúdo descreveria rituais e fórmulas para ressuscitar os mortos, invocar e fazer contato com demônios e seres sobrenaturais e viajar para outras dimensões. Ao longo de suas histórias, Lovecraft dá inúmeros detalhes acerca do livro, tais como data e local de publicação, o fato do livro ter sido banido pelo papa Gregorio IX além de haver exemplares no Museu Britânico e na Biblioteca Nacional de Paris. Embora o próprio autor tenha esclarecido que tratava-se apenas de uma criação literária, ainda hoje existem pessoas que acreditam na veracidade do livro. Não é raro que apareçam exemplares "originais" do Necronomicon à venda na internet.

Ocupando um lugar merecido

    Em vida, as histórias de Lovecraft circulavam apenas entre um pequeno número de leitores, e eram publicadas em revistas pulp, como a Weird Tales. Após a sua morte, August Derleth e Donald Wandrei, amigos do escritor, começaram a reunir seus escritos. A fim de preserva-los, fundaram a Arkhan House, responsável pela publicação de sua obra que, apesar de tornar-se cada vez mais conhecida, ainda estava restrita aos admiradores do gênero. Mas, isso pode estar mudando e H. P. Lovecraft parecer estar conquistando seu lugar no cânone literário mundial. Filósofos e acadêmicos tem buscado se aprofundar no estudo das questões filosóficas e humanas presentes na obra do escritor. Justiça seja feita, a complexidade e o simbolismo lovecraftianos são mesmo dignos de estudos e interpretações, sob os mais variados escopos.



    Para encerrar, deixo essa frase que, na minha opinião, define bem não só os sentimentos dos personagens presentes nas histórias de Lovecraft, mas de todos nós. Nem é uma frase assim tão brilhante, mas contém uma verdade absolutamente universal:


 "The oldest and strongest emotion of mankind is fear, and the oldest and strongest
kind of fear is fear of the unknown."



(A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o medo mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido.)


*Em sua morada em R´lyeh, Cthulhu morto, jaz sonhando.
**Sim! Sim! Cthulhu sonha!


Para saber mais:


segunda-feira, 23 de março de 2015

2015 promete...

    E lá vamos nós para mais um semestre!

    Se o mês de março está chegando ao fim, as tarefas acadêmicas só estão começando. Quero dizer, ainda que esteja matriculada "apenas" em seis disciplinas estas irão me proporcionar muito até o longínquo mês de julho. Coloquei a palavra apenas entre aspas porque, em termos de UFRGS e de curso de Letras (leituras, leituras, leituras) menos quase sempre significa mais.

    Neste semestre, consegui vaga em disciplinas de vários semestres diferentes. Tem do 7º, 8º e 9º. Isso porque, devido às alterações que foram feitas no currículo do bacharelado, meu esquema de matrícula ficou uma bagunça. Meu e de muitos colegas! Isso significa que a cada matrícula vivemos uma verdadeira novela. Primeiro, pegamos as disciplinas do próprio semestre em que estamos; ou, então, a disciplina equivalente que substituiu alguma que foi extinta pela mudança. Então, começam os problemas: pode dar colisão de horários, pode ser uma cadeira que tenha pré-requisito, pode não ter vaga. E aí são e-mails e ligações para a COMGRAD*, abertura de processo no DECORDI**. Tudo isso com a chance de não ter sua solicitação atendida. 

    Não sei dizer se sempre tive muita sorte ou se foi devido a minha persistência (também conhecida como insistência ou chatice), mas meus pedidos de matrícula sempre foram atendidos. Abaixo, está a diversão dos próximos meses:

 
    Se por um lado estou adiantando disciplinas de semestres posteriores ao que me encontro, por outro há 3 disciplinas de semestres anteriores que preciso cursar o mais breve possível. Enfim, estou fazendo o que posso, com o jogo de cintura que todo estudante de "Úrguis" deve ter. Sim, porque aqui se o aluno não corre atrás se perde mesmo. Em tudo, não só nas disciplinas.

    Por enquanto, era o que eu tinha para o momento. Agora, o negócio é procurar se concentrar, focar no objetivo e estudar muito. Ou seja, o esquema de todos os semestres. Só mudam as disciplinas, o ritmo é que permanece o mesmo: pouco tempo para muito trabalho! Vida acadêmica, né?! ;)

    Até o próximo post!

* COMGRAD - Comissão de Graduação
** DECORDI - Departamento de Controle de Registros Discentes

domingo, 22 de março de 2015

Insânia

    Um dos mais belos poemas em língua portuguesa que conheço é, sem dúvida, Ismália, de Alphonsus de Guimaraens. A primeira vez que o li foi quando estava no Ensino Médio, em um livro de aula, mesmo. A impressão que me causou foi profunda. Não sei explicar, mas o poema evoca imagens tristes e belas: a loucura e o sonho, o delírio e a morte.

    E então, no último semestre, tivemos como tarefa compor uma paródia baseada nesta obra de Alphonsus. Reescrever um poema desse quilate pode ser considerado quase um sacrilégio mas, ainda assim, decidi arriscar. Abaixo, estão o original e o meu trabalho, cujo título é Insânia:



    Em meu poema, coloco o próprio Alphonsus como personagem. Desiludido pela morte de sua Ismália, ele faz a trajetória que o leva ao mesmo fim da suicida. É claro que apresento algumas imagens vulgares - a bebida, a sarjeta - mas, acredito que faz parte da paródia. Além disso, é apenas uma releitura.

    E eu nem ousaria ter a pretensão de fazer algo com o mesmo lirismo e sentimento do original. Ismália, como eu escrevi antes, é belo, profundo e único. 



segunda-feira, 16 de março de 2015

As disciplinas de 2014 - parte 2

    Para concluir em termos acadêmicos esse ano maluco que foi 2014, aqui está a postagem sobre as disciplinas cursadas no segundo semestre.

Terminologia I – professora Maity Siqueira


    Socorro! Esta disciplina quase me fazia sair correndo! Não por ser difícil, pelo contrário, era até bem fácil. Mas, muito maçante e trabalhosa. Enfim, nada é completamente inútil e até aue rendeu um aprendizado que será utilizado na Terminologia II (sim, tem mais sofrimento). Trabalhamos com lingüística de corpus, corpora, definição de termos e, de quebra, ainda fizemos um trabalho sobre Benveniste que me possibilitou aprender mais sobre o que ele propõe em sua teoria enunciativa.  Talvez só na metade do semestre eu tenha começado a entender a real importância da cadeira (embora ainda não esteja muito convencida disso...rs!).
    Avaliação: Uma prova, alguns trabalhinhos e um glossário de termos linguísticos (o mais longo e penoso trabalho feito).

Poesia Brasileira – professor Paulo Seben

    Não sou o tipo de pessoa que curte poesia. Tirando alguns poemas muito especiais, não é um gênero literário que aprecio. Não crio poemas nem consumo livros de poesia. Alguns motivos me levaram a decidir cursar esta disciplina: aprender mais sobre o assunto, obter créditos eletivos e o fato de conhecer e aprovar o professor. A proposta da disciplina, na verdade,  é fazer poesia. Ou seja, é uma espécie de oficina. A dinâmica funciona assim: numa semana, estudamos determinada escola – barroco, parnasianismo, modernismo, etc – e para a outra semana, devemos compor uma paródia ou paráfrase dos poemas/autores estudados. Sinceramente, devo admitir que a disciplina não me ajudou a gostar mais de poesia. Não consegui me adaptar ao formalismo da coisa. Excetuando a paródia que fiz de Ismália, de Alphonsus de Guimaraens, e um poema livre que, por alguma obscura razão, nasceu espontaneamente rápido, cada vez que eu tinha que criar e formatar o poema era muito complicado. Dentro de mim travava-se uma luta em que a inspiração brigava com a forma. Ou eu fazia o que o sentimento pedia ou o que a estrutura ordenava. Como havia a fórmula (e eu precisava dos créditos) fiz textos áridos, sem lirismo. Sei que é legal ver como os autores de tempos atrás pensavam e criavam a partir de suas realidades e dos movimentos literários dos quais participavam. Mas, tentar repeti-los (ou imita-los), fazer caber direitinho a palavra certa na métrica adequada com a rima correta, para mim, não funcionou. O lado bom foi conhecer pessoas queridas e poetas – jovens e experientes – muito talentosos, em cujas obras é possível perceber toda a beleza de um sentimento expresso em versos.
    Avaliação: uma sarau avaliativo em que os alunos apresentam três dos poemas compostos durante o semestre.

Inglês VI – professora Valéria Brisolara

    Depois do trauma de não ter aprendido nada em Inglês V, confesso que estava bem temerosa para este semestre. Sabia que teria que estudar o dobro para dar conta. Felizmente, foi tranqüilo e, apesar de duas provas, trabalhinhos diversos e um artigo, consegui acompanhar bem. Entre outras coisas, os assuntos principais do semestre foram: ESP (English for Specific Purposes), Modals e Verbs (tense and aspect).
    Avaliação: duas provas, trabalhinhos diversos e um artigo.

Cultura Inglesa – professora Elaine Indrusiak

    Uma das melhores disciplinas do semestre. Será que é possível resumir tudo o que vimos? Tão difícil e abrangente quanto definir a própria palavra cultura! Enfim, tivemos História, Língua, Literatura, Geografia, Cinema, Música, Gastronomia e muito mais do que se refere ao United Kingdom. Não houveram provas mas duas apresentações e diversos trabalhinhos e tarefas online. Gostei muito e, se não fosse obrigatória, eu recomendaria a todos que fizessem.
    Avaliação: duas apresentações, contribuição na elaboração de um glossário com termos referentes à cultura inglesa e outras tarefas online.

Versão do Inglês I – professora Valéria Brisolara

    Essa recebeu o título de melhor disciplina do semestre. Para mim, um desafio devidamente superado. Afinal, uma coisa é traduzir para o português, a língua nativa. Outra é ter que entrar no universo de outra língua, buscar soluções, pesquisar e confirmar se esta ou aquela expressão é usada e como. Mesmo tendo que reescrever alguns textos mais de uma vez, foi extremamente positivo. Trabalhamos com textos diversos: de guias turísticos, passando por certidões e currículos, até charges (tirinhas). Curti e estou ansiosa pela Versão II!
    Avaliação: basicamente, a entrega de um portfolio com os textos trabalhados durante o semestre (devidamente revisados).

Revisão de Textos em LP – professora Solange Mittmann

    Disciplina que me fez considerar seriamente a possibilidade de trabalhar com revisão. Sempre me considerei (e me consideraram) uma pessoa exigente com a ortografia/gramática dos textos em geral mas, pude ver nestas aulas que sempre há muito ainda para aprender. Na primeira parte, víamos a parte teórica e depois, havia a parte prática, com análise e correção de textos diversos. Um pouco cansativo, admito, mas qualquer disciplina de 4 créditos que dure a tarde toda é cansativa. 
    Avaliação: duas provas e alguns trabalhos, inclusive um artigo para revisar e formatar no padrão das normas da ABNT.

    Foi um semestre bem cansativo, especialmente devido às disciplinas cursadas na parte da tarde. Mas, o esforço foi recompensado: mais 24 créditos completados!

    Em breve, outro post com um apanhado geral desse início de 2015 e as disciplinas em que estou matriculada. ;)

As disciplinas de 2014 - parte 1


    Conforme prometido, aqui está a postagem sobre as disciplinas cursadas no primeiro semestre do ano de 2014. Na postagem, um pouquinho sobre os assuntos estudados, as minhas impressões e o método de avaliação utilizado por cada professor.

Semântica do Texto – professor Valdir Flores

    Disciplina maravilhosa, especialmente pelo professor. Tenho encontrado bons professores na UFRGS mas alguns, realmente, nasceram para ensinar, tem paixão pelo que fazem. Mais uma vez, estudamos nossos já conhecidos Saussure, Jakobson e Benveniste e fomos apresentados (eu fui, pelo menos) aos linguistas Hagége e Meschonnic, através de textos teóricos que relacionavam a Linguística e a Tradução de uma maneira bem interessante.
    Avaliação: participação efetiva nas discussão em aula e duas provas individuais

Inglês V – professora Eunice Polônia

    Não quero escrever muito sobre a disciplina, só o absolutamente necessário. As aulas eram no laboratório de informática, em computadores péssimos. Todas as atividades – inclusive a chamada – eram feitas via plataforma MOODLE. Não havia motivação na turma, desânimo total. Não aprendi nada. Enfim, uma perda de tempo...
    Avaliação: em cada aula haviam atividades no MOODLE; houve também uma apresentação oral e em grupo sobre variação linguística. No fim de certo período, tínhamos que fazer a compilação e envio para a professora de todas estas tarefas (e depois, ela chamava os alunos, um a um, para dar a nota a que fazíamos jus).

Tradução do Inglês II – professora Elizamari Becker

    Não á muito o que falar. Disciplina para traduzir e discutir as traduções em aula. Trabalhamos com textos diversos que tratavam de assuntos como lábio leporino, facelift, uma matéria da revista Forbes, charges e textos humorísticos. Sobre este último tema tivemos que fazer um trabalho para entregar, descrevendo as escolhas no momento de traduzir e suas dificuldades, além de apresentar para a turma o que foi feito.
    Avaliação: entrega das traduções revisadas e um trabalho + apresentação sobre textos humorísticos (meu grupo fez sobre charges e piadas relativas ao ambiente profissional)

Literatura Oral Tradicional – professora Ana Lúcia Tettamanzy

    No currículo antigo do bacharelado – do qual faço parte – temos dois blocos de disciplinas alternativas. São disciplinas obrigatórias mas que fazem parte de uma conjunto em que podemos escolher quais cursar. Daí a denominação alternativa. Escolhi esta disciplina porque adoro literatura e porque a oralidade foi uma das primeiras maneiras de fazer Literatura. Como uma agradável surpresa, quem ministra a cadeira é uma profe maravilhosa que, como disse uma colega, tentar mostrar o “lado b” da Literatura. Estudamos narrativas diversas e autores fora do cânone tradicional mas que muito tem a acrescentar. Literatura indígena, africana, histórias dos nossos avós, literatura de cordel, canções que narram histórias e muito mais. Simplesmente fascinante!
    Avaliação:um trabalho + apresentação de uma transcrição de uma narrativa oral, um artigo sobre um dos temas estudados e o registro (em vídeo ou áudio) de uma narrativa oral + apresentação desta para a turma.

Estudos de Tradução – professora Denise Sales

    Disciplina teórica com alguma prática relacionada às escolhas lexicais/gramaticais e dificuldades do ato de traduzir, comparando traduções. Apesar de ter que cursar para poder pedir a equivalência (já que foram extintas disciplinas do currículo antigo) gostei da matéria e da professora. Destaque para o livro O que é Tradução?de Geir Campos, que faz parte da bibiolagrafia da disciplina (e que pode ser encontrado online).
    Avaliação: um trabalho sobre Tradução

Teorias da Leitura – professora Maria José Finatto

    Mais uma disciplina cursada devido à extinção de disciplinas equivalentes do currículo antigo. Dois créditos que pareciam seis...rs! Isso porque as tarefas e atividades eram muitas e, volta e meia, havia alguma coisa para ser entregue.
    Avaliação: duas provas, trabalhinhos diversos e um trabalho final em que comparamos duas traduções e relacionando com a teoria estudada durante o semestre.

    Para concluir, posso dizer que, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Ou seja,  obtive aprovação com mérito em todas as disciplinas. \o/
    
    Na próxima postagem, o segundo semestre de 2014! ;)

sexta-feira, 6 de março de 2015

Mais um semestre iniciando

    Retomando as postagens de cunho acadêmico - depois de não escrever quase nada sobre esse assunto em 2014 - quero publicar um poeminha de Millôr Fernandes cuja temática é o profissional da tradução. Millôr, além de desenhista, humorista, dramaturgo, escritor e jornalista também foi um brilhante tradutor. Logo, tem autoridade para escrever sobre o tema. Aliás, uma das traduções mais acessíveis e interessantes de Hamlet de Shakespeare que já li é dele. Segue o poema:

La dernière translation

Millôr Fernandes

Quando morre um velho tradutor
Sua alma, anima, soul,
Já livre do cansativo ofício de verter
Vai direta pro céu, in cielo, to the heaven,
au ciel, in caelum, zum himmel,
Ou pro inferno, Holle, dos grandes traditori?
Ou um tradutor será considerado
In the minute hierarquia do divino (himm'lisch)
Nem peixe nem água, ni poisson ni l'eau,
Neither water nor fish, nichts, assolutamente niente?
Que irá descobrir de essencial
Esse mero intermediário da semântica
Corretor da Babel universal?
A comunicação definitiva, sem palavras?
Outra vez o verbo inicial?
Saberá, enfim!, se Ele fala hebraico
Ou latim?
Ou ficará infinitamente no infinito
Até ouvir a Voz, Voix, Voce, Voice, Stimme, Vox,
Do Supremo Mistério partindo do Além
Voando como um pássarobirduccelopájarovogel
Se dirigindo a ele em...
E lhe dando, afinal,
A tradução para o Amém?

    Bacana, não?! Obviamente que para os tradutores profissionais e estudantes da área o texto toca mais profundamente, afinal, sabemos das dores e delícias que esse trabalho nos proporciona. Mas, mesmo para os leigos não deixa de ter o seu encanto. Eu não conhecia o poema e devo dizer que foi o primeiro texto com o qual trabalhamos na disciplina de Tradução do Inglês IV neste semestre. Além de pensar nas dificuldades de traduzi-lo, a proposta da professora Valéria também foi de que, a partir disso, fizéssemos uma reflexão sobre o quanto é complexa a tradução de textos literários - temática desta disciplina.
    
    Nas próximas postagens, farei uma retrospectiva do agitado ano de 2014 tanto no aspecto acadêmico quanto das coisas legais (e uma triste) que aconteceram e já iniciar as primeiras impressões do que vai ser estudado neste semestre de 2015/1. Aguardem! :)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Pequena crônica rio-pardense

    Num sábado de férias, depois de alguns anos longe, retornei à cidade de Rio Pardo para almoçar, comprar algumas coisas e dar uma caminhada pela rua principal. Não havia levado câmera fotográfica, mas estava com o celular, caso decidisse fotografar algo.
    
    E a primeira coisa que quis ver foi a sacadinha do sobrado que fica na esquina da rua João Pessoa – rua da antiga rodoviária – para captar a imagem da Barbearia Sevilha, estabelecimento que, por motivos óbvios, sempre me fez lembrar da famosa ópera e sua conhecida música. Quem não conhece? Mesmo os não apreciadores já escutaram pelo menos uma vez na vida o fígaro. Porém, surpresa: não havia mais a plaquinha indicativa da barbearia. E o sobrado? Está sendo reformado, fato que me deixou feliz, já que na última vez que estive na cidade o estado dos casarões não era dos melhores. Restava a dúvida: será que ainda existiria a tal barbearia? Imagino... Não! Quase posso ver o barbeiro, um senhor de cabelos brancos, navalha na mão, jaleco impecável, e o salão com sua cadeira à moda antiga... Foi melhor não ter ido conferir se está lá ou não. Farei de conta que sim. Sei que em alguma dimensão de tempo e espaço a Barbearia Sevilha ainda resiste.

    Seguindo a caminhada, passei em frente à loja que tem outro nome atrativo: Papelaria Dactilus. Não sei bem que de "latim" e “grego” esse nome traz a minha mente, mas sempre o liguei à “Lanterna de Diógenes”, da obra O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo. Assim como a livraria da fictícia cidade de Santa Fé, a “Dactilus” de Rio Pardo só podia mesmo pertencer a uma cidade antiga, com cheiro de História e velhas estórias. E se eu entrasse e, tal qual Floriano Cambará, pedisse um caderno de pauta simples? Devaneios... Coisas de quem tem a mente repleta de associações literárias!

    Subindo mais um pouco a rua Andrade Neves, parei em frente à rua da Ladeira e ao Solar Panatieri, que atualmente está à venda. Uma casa de esquina, grande e cor-de-rosa, testemunha de muito do que a cidade tem vivido. Ao longe, eu podia ver as torres da igreja matriz recortadas contra o céu azul de fevereiro. Meu espírito contemplativo queria ficar por ali, admirando aquela paisagem antiga e, imaginando cenas do passado, recuar cinquenta, cem anos no tempo. Mas, o meu tempo urgia, e eu precisava ir embora.

Solar Panatieri
    Há algo nessa pequena cidade que me atrai. Talvez o fato dos meus antepassados da linhagem materna terem nascido e crescido lá (e nos campos de seu interior). Ou por ter apenas boas lembranças vividas nela. Suas ruas antigas, calçadas estreitas, o casario erguido em um tempo distante... Seja como for, Rio Pardo guarda para mim, o charme das fotografias em sépia. Um charme avoengo e desbotado, é verdade. Mas que, justamente por isso, guardamos bem e com carinho, como uma relíquia preciosa da qual não queremos nos desfazer.

Também do passado: em 2006, na rua da Ladeira

Um pouco mais sobre o Solar: http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/543344/Predio-historico-e-colocado-a-venda-em-Rio-Pardo