terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Cultura no coração de Porto Alegre (atualizado 2019)

    Quando eu criei o CosmoLetras o subtítulo não foi colocado por acaso. Minha idéia era falar em primeiro lugar sobre a vida acadêmica, depois sobre fatos do cotidiano e por último, mas não menos importante, sobre “algo mais”. Enfim, talvez eu não tenha conseguido cumprir à risca essa meta, mas um blog vai criando uma identidade própria, tomando corpo e personalidade, não sendo algo engessado. E, à medida que vai crescendo, os assuntos vão surgindo e eu vou escrevendo sobre coisas que são interessantes para mim e, talvez, para quem visite o blog de vez em quando.

    Então, nessa categoria do “algo mais” hoje escrevo sobre três lugares bacanas para visitar em Porto Alegre. Lugares esses onde se ganha muito e se gasta pouco, ou seja, para universitários que estão normalmente com a verba financeira reduzida, são uma boa opção de cultura grátis. São eles: Casa de Cultura Mário Quintana, Museu de Arte do Rio Grande do Sul e Santander Cultural - todos localizados no centro histórico da capital e com entrada franca.

Casa de Cultura Mário Quintana

    Originalmente era um hotel de luxo - o Hotel Majestic – onde residiu por vários anos o poeta gaúcho Mário Quintana. No final de 1982 o governo estadual adquiriu o prédio e entre os anos de 1987 e 1990 desenvolveu-se a obra de transformação do hotel em casa de cultura. Hoje abriga vários espaços culturais: salas de cinema, teatro, bibliotecas, galerias de arte entre outros. Também tem cafés e livraria.

    Minhas impressões: já na entrada o visitante sente  uma certa atmosfera de início de século XX e, sem esforço, é possível imaginar a movimentação do hotel nessa época: Porto Alegre em franco crescimento, homens de negócios chegando, as mulheres elegantes em seus trajes e chapéus... Devaneios? Talvez, mas sempre que vou lá, antes de conferir o que está exposto ou tomar um cafezinho no 7º andar, gosto de ficar em uma das sacadas e voltar um pouco no tempo, imaginando o clima da CCMQ quando era um hotel. Para ver tudo que a Casa de Cultura tem é interessante subir de elevador até o último andar e depois descer pelas escadas, em "zigue-zague", entre um lado e outro do prédio. Dessa forma, é possível visitar todos os espaços onde há exposições e outros atrativos do local além de tirar várias fotografias.

MARGS - Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli

    Este magnífico prédio foi construído em 1913 para abrigar a Delegacia Fiscal. Não é exagero nenhum chamá-lo de jóia arquitetônica, com seus vitrais, mármore e ornamentos. A partir de 1996 foi iniciado um trabalho de restauração, para adaptar o prédio aos padrões internacionais de museologia, inclusive nos quesitos de temperatura e umidade internas. Também possui loja de produtos exclusivos, bistrô e café (neste último é servido  um ótimo croissant para acompanhar o café).

     Minhas impressões: o aspecto externo do MARGS já é um convite à contemplação e à fotografia. A suntuosidade se completa ao entrarmos no prédio, com suas escadarias forradas de vermelho, os azulejos antigos decorados,  lustres, portas e janelas, tudo é grandioso. Sempre vale a pena conferir a exposição que estiver ocorrendo, mas destaco uma que ficará para sempre na minha memória: a exposição comemorativa ao Ano da França no Brasil. Foi emocionante ter a oportunidade de ver de pertinho obras de grandes pintores como Renoir, Van Gogh, Monet, Dalí e Miró.

Santander Cultural

    Construído entre os anos 1927 e 1932, sendo a antiga sede dos bancos Nacional do Comércio e Sul Brasileiro. Além de promover diversas atividades nas áreas de artes visuais com exposições fixas e itinerantes, também conta com cinema – que engloba produções independentes oriundas de vários países e projeções comentadas e espaços de música - o Átrio e a sala Multiuso - que recebe apresentações de vários artistas nos finais de semana. Também abriga o Telecentro, destinado à inclusão digital para pessoas da terceira idade.

     Minhas impressões: imponente, com suas portas pesadas, pilares e vitrais. Na maioria das vezes em que visitei havia exposições de arte contemporânea. Para exemplificar destaco duas exposições  bacanas que conferi: "Video Portraits" de Robert Wilson - onde as "telas" era monitores de LCD com "fotos" inusitadas de celebridades e que se movimentavam sutilmente e "FILE - Festival Internacional de Linguagem Eletrônica" que reuniu trabalhos de arte interativa, instalações e objetos sonoros, animações computadorizadas e vídeos. Outra atração à parte é o Café do Cofre e seu delicioso chocolate quente.

Atenção: após ficar fechado por três meses, o Santander Cultural reabriu em março/2019 como Farol Santander. Detalhe: a entrada NÃO é mais gratuita. O visitante deve desembolsar R$10,00 para entrar.

Dica: se você não gosta de agito, não visite estes locais na época da Feira do Livro de Porto Alegre. Os visitantes aproveitam a proximidade e fazem um tour por estes, que ficam lotados.

Para saber mais:

Casa de Cultura Mário Quintana: http://www.ccmq.com.br/


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cresce o mercado de trabalho para os profissionais de Tradução

    O jornal Correio do Povo de 15/01/2012 traz uma matéria sobre o crescimento do mercado de trabalho para os profissionais de tradução. Segundo a matéria, o mercado cresce, em média, 35% ao ano e deve receber grande impulso com a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

    O trabalho é amplo, abrange desde tradução de contratos, documentos e textos até a atuação como intérprete, tradutor juramentado (de documentos oficiais), revisor, tradutor simultâneo em eventos, dentre outros.

    Devido ao avanço da economia brasileira, da tecnologia e da globalização, os tradutores tornaram-se bastante requisitados tanto por empresas nacionais como estrangeiras e pelos serviços oficiais. As áreas que impulsionaram esse avanço são, principalmente, as de petróleo, gás, informática, importação e exportação, tradução jurídica, energias alternativas e ecologia.

    A matéria menciona também a modalidade de tradução literária que ofereceria o maior campo de trabalho para o tradutores - esta é a área onde pretendo, num primeiro momento, começar a trabalhar.

Para ler a matéria na íntegra:

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Tradução Juramentada

    Dentro do mercado de trabalho para os tradutores existe a possibilidade de trabalhar com a tradução juramentada, onde o profissional irá traduzir documentos que tenham valor oficial, como contratos, procurações e documentos escolares estrangeiros. Para atuar na área é preciso ser aprovado em concurso público realizado pelas Juntas Comerciais dos estados. No texto a seguir, um pouco mais sobre a profissão:

    A tradução pública, comumente conhecida como tradução juramentada, é a tradução feita por um tradutor público, o qual é comumente chamado de tradutor juramentado. O tradutor público e intérprete comercial, o nome correto do ofício, é nomeado e registrado na Junta Comercial de seu estado de residência após aprovação em concurso público, e habilitação em um ou mais idiomas estrangeiros e implicitamente o português. Somente a tradução juramentada (pública) é reconhecida oficialmente por instituições e órgãos públicos diversos no Brasil e tem validade como documento oficial ou legal.

    Via de regra, a tradução juramentada é feita a partir de documentos originais, inclusive  a tradução de documentos eletrônicos, como e-mails, imagens digitalizadas e faxes, os quais devem ser anexos à tradução. O tradutor deve mencionar na tradução a natureza do original no qual se baseou para a tradução (por exemplo: documento original, cópia autenticada, cópia simples, arquivo eletrônico, fax etc.) e caberá ao solicitante verificar a aceitabilidade do original e da tradução para os fins desejados.
Partes do documento podem ser omitidas a pedido do solicitante; contudo, o tradutor deverá citar as partes omitidas na tradução.
    No caso de tradução (do idioma estrangeiro para o português), pode ser necessária a legalização consular do documento, isto é, a autenticação do documento pelo consulado brasileiro no país de origem do documento. Sem a consularização a autenticidade do documento original pode ser questionada, e consequentemente a validade da tradução.

    Todas as páginas da tradução devem conter o número da tradução, o número de livro de arquivamento, o número das páginas da tradução e o carimbo com o nome, idiomas de trabalho e número de registro do tradutor juramentado. Os livros de traduções são registrados na junta comercial onde o tradutor é registrado.

    Para encontrar um tradutor juramentado consulte a Junta Comercial de seu estado, a qual poderá também confirmar o número registro do tradutor juramentado. Caso não haja um tradutor registrado para o idioma desejado, um tradutor comercial poderá ser nomeado tradutor ad hoc (temporário) para fins únicos da tradução específica mediante requerimento e o pagamento de uma taxa à Junta Comercial local. Pode-se também recorrer a tradutores de outras cidades ou estados. A tradução juramentada tem validade em todo território nacional, independente do estado de registro do tradutor juramentado.

Legislação sobre Tradução Juramentada

Sobre o regulamento do ofício de Tradutor Público e Intérprete Comercial

DECRETO Nº 13.609 – Estabelece novo Regulamento para ofício de tradutor público e intérprete comercial no território da República.

Sobre a Habilitação, Nomeação, Matrícula e Cancelamento da Matrícula do Tradutor Público e Intérprete Comercial

Instrução Normativa Nº 84 de 6 de MARÇO de 1996 – Dispõe sobre a habilitação, nomeação e matrícula e seu cancelamento de Tradutor público e intérprete comercial e dá outras providências.

O Tradutor Juramentado no processo criminal

DECRETO-LEI N.º 3.689 – Código de Processo Penal

O Tradutor Juramentado no Processo Trabalhista

DECRETO-LEI N.º 5.452 – Consolidação das leis do Trabalho

O Tradutor Juramentado no Processo Civil

Lei N.º 5.869, de 11 de JANEIRO de 1973 – Código de processo civil

*** Cada estado brasileiro tem autonomia para definir, através da respectiva Junta Comercial estadual, os aspectos práticos da profissão de TPIC, tais como emolumentos, habilitação, fiscalização e outros.

Fonte de consulta:

Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tradu%C3%A7%C3%A3o_juramentada

ATP – Associação Profissional de Tradutores Públicos e Intérpretes Comerciais, Juramentados, do Estado do Rio de Janeiro – http://www.atprio.com.br/pages/menu.htm

domingo, 8 de janeiro de 2012

Livro, um companheiro para a vida toda

    Ler é muito bom. Costumo dizer que, quando estou trabalhando ou estudando e lembro que tenho um livro bacana na bolsa ou em casa, é como se eu lembrasse que há uma sobremesa deliciosa, só esperando para ser degustada. A comparação pode ser meio boba, mas é assim que sinto. Não vejo a hora de pegar o livro e devorar suas páginas...

    Posso dizer que sempre gostei dos livros. Mesmo quando ainda não sabia ler, adorava pegar  algum dos vários livros que tínhamos em casa e, sentadinha e absorta, ficar horas folheando as páginas, observando as figuras e aqueles pequenos símbolos desconhecidos, as letras. Quando iniciei o processo de alfabetização, comecei a adentrar os portões daquele mundo precioso e colorido, rico e cheio de possibilidades. Agora, eu não precisava mais ficar reduzida às figuras, nem esperar que alguém lesse para mim, podia decifrar sozinha o enigma das letras, entender as palavras, formar frases...

    Filha de professora, além das obras de casa, sempre tive acesso aos livros da biblioteca da escola onde minha mãe lecionava. Mas, o melhor de tudo era que, além dos brinquedos, comecei a ganhar de presente algo muito interessante: livrinhos! O primeiro de que lembro foi de um autor gaúcho que aprecio até hoje, Josué Guimarães, e chamava-se “Era uma vez um reino encantado”. Os personagens eram os clássicos dos contos de fadas e outras obras da literatura mundial, mas a estória era sobre os danos que o homem estava causando ao meio ambiente. Genial: ao mesmo tempo em que enaltecia a literatura e a fantasia já colocava as crianças em um contato com a consciência ecológica.

     Depois desse, muitos outros vieram. Não parei mais de ganhar livros, especialmente dos meus pais, que, vendo o quanto a filha se entregava à leitura com paixão, compravam até coleções. Lembro de dois que se passavam em Porto Alegre e nas missões jesuíticas de São Miguel – “Os fantasminhas do morro Ricaldone” e “A família Treme-treme nas Missões”, da escritora Maria Beatriz Papaleo. Marcou muito também “Ana de salto alto” de Sérgio Caparelli.


    Com especial carinho lembro da coleção Vagalume, com diversos títulos e as mais variadas estórias, desde ficção, fantasia, terror a acontecimentos da vida de uma família, criança ou adolescente. Alguns títulos que muita gente vai lembrar com saudades: “O menino de asas”, “Aventuras de Xisto”, “A vida secreta de Jonas”, “Um cadáver ouve rádio”, “Os barcos de papel”, “Sozinha no mundo”...


    Nessa fase, quando eu já era uma pré-adolescente, os livros foram ficando mais complexos – e muito mais interessantes. Não seria exagero dizer que inesquecíveis foram os livros da série “A Inspetora” de Santos de Oliveira. Nas estórias sempre havia um mistério a ser desvendado e os protagonistas eram uma turminha que tinha a minha idade na época. Eu mergulhava nessas estórias, investigava junto, praticamente me considerava a quinta integrante da “Patota da Coruja de Papelão” – nome dado à turma que investiga os mistérios. Muito, muito bom! Não preciso dizer que nunca mais deixei o hábito de ler, ou melhor, o prazer da leitura.


    Se alguém perguntasse como eu faria para que meu filho gostasse de ler eu não saberia dar uma resposta didaticamente correta. Se há alguma dica, alguma instrução, eu penso que uma delas seria sempre ter livros em casa ou na escola, à disposição, desde antes da criança saber ler. Hoje existem tantas opções, livros bonitos e atraentes, adequados a cada faixa etária, que é impossível não agradar os pequenos. Pais que lêem também servem de exemplo aos filhos. Levar seu filho a feiras e bibliotecas também é ótimo. Proporcionar contato desde cedo com os livros, é uma excelente receita para formar leitores e, consequentemente, pessoas com conhecimento do idioma e, quem sabe, futuros escritores também.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Fundamentos Históricos da Literatura Anglo Americana - Impressões de final de semestre

    Depois da finaleira de ano, aulas, provas, trabalhos e afins, férias! Tempo de descansar, recarregar as baterias para o novo ano que começa e que será muito movimentado. E também de se livrar de coisas que não servem mais, organizar a cabeça e os armários para tudo de novo que virá do curso de Letras em 2012. E, claro, lembrar dos ótimos resultados obtidos em 2011, projetando igual desempenho para o próximo semestre.

    Nessa onda de good feelings é que quero falar hoje sobre a disciplina que faltou comentar aqui no blog: Fundamentos Históricos da Literatura Anglo Americana. Tive que esperar acabar o semestre, o ano, dar uma acalmada na mente para só depois falar sobre isto. Porque foi a disciplina mais surreal que cursei até agora...

    Conforme eu já havia mencionado no início do semestre, a disciplina foi dividida em duas partes, com professores diferentes. E, nas duas partes, achei que eu ia ter sérias dificuldades no decorrer das aulas. Explico:

    FHLAA é uma cadeira eletiva. No primeiro dia de aula, percebi que a maioria dos alunos, senão todos, já estava no final do curso - 7º ou 8º semestre. Ou seja, inglês super afiado, conversando e debatendo nesse idioma. Por causa disso, as tarefas de aula eram todas desenvolvidas em inglês. Isso me preocupou bastante, fazia tempo que eu não exercitava o idioma em escrita ou leitura, quanto mais em ouvir e falar. Tive que correr atrás para compensar. E já adianto que todo o esforço valeu a pena.

    A primeira metade do semestre foi desenvolvida a partir da série Downton Abbey, para nos situar dentro da cultura inglesa e acontecimentos históricos  e sociais do final do século XIX e início do XX. Tenho que ser sincera: achei que a série ia ser muito chata, tediosa e tal. Porém, bastou assistir a apenas um episódio para ver que eu estava enganada. Downton Abbey é muito bacana, o enredo prende o espectador, os personagens mexem com a gente através de em elenco afinado e competente. Com isso, o objetivo das aulas, que era nos contextualizar dentro da realidade de uma família na sociedade inglesa, foi atingido de maneira plena e agradável... Gostei tanto da série que, totalmente fominha, baixei todos os episódios e não consegui assistir no mesmo ritmo em que eram exibidos em aula, vi todos quase de vez. E ainda baixei e assisti a segunda temporada, tão interessante quanto a primeira.

Parte do elenco de Downton Abbey (faltam alguns integrantes da criadagem)

     A segunda parte do semestre não foi mais fácil nem menos bacana ou surpreendente. Tivemos aula com um professor nativo do País de Gales. E, claro, todas as aulas em inglês. Lembro, divertida, que demorava uns 10 a 15 minutos para o ouvido “entrar no ritmo”, mas depois fluía bem. Houve palavras que perdi, sim, piadas que não entendi (mas, ri junto com a turma...ahah!). O saldo final, no entanto, foi muito positivo: me senti muito à vontade nas aulas, captei bem o conteúdo, treinei o idioma e aprendi muita coisa de um país do qual sabia pouquíssimo.

Mapas do belo País de Gales (ou Wales) - terra antiga de batalhas, castelos, mitos e lendas

     O time de professores merecia um post à parte. O mais importante a dizer é: quem já fez esta cadeira vai concordar que são profissionais que nasceram para ensinar, pacientes, atenciosos, divertidos e que despertaram uma sincronia e empatia perfeita com a turma. E, quem vai cursar, se tiver sorte de ter estes professores, certamente vai terminar o semestre com as mesmas impressões que eu descrevi ao longo deste post. 

    Em resumo: apesar dos sustos no início, de um certo medinho de não acompanhar e do trabalho e esforço demandados, é uma disciplina eletiva que fui muito feliz em cursar. Ainda mais quando, no final do semestre, vi um A no meu "boletim". Recomendo!

    *** Para saber mais:


País de Gales: http://www.wales.com/