quarta-feira, 3 de abril de 2013

Vergonha alheia

Post um pouquinho atrasado... ;)
    
    Quando ingressei no curso de Letras da UFRGS, fiz uma disciplina muito bacana chamada "Leitura e Produção Textual". Um dos textos que escrevi para esta disciplina foi sobre o ENEM como forma única de ingresso nas universidades públicas. Não vou transcrever o texto na íntegra aqui no blog porém, enumerei diversas  razões pelas quais não concordo que o ENEM seja utilizado para este fim. Razões como as peculiaridades de cada estado, já que o Brasil tem dimensões continentais - o que dificulta a aplicação de uma prova única. Outro problema seria o vazamento de provas e questões - coisa que já aconteceu mais de uma vez.
    
    Mas, eu não havia considerado um outro motivo: a qualidade/competência dos corretores do MEC. Ou, eu deveria dizer, a falta dela? Justifico minha crítica através do seguinte artigo:


    Tomei conhecimento deste absurdo através do Facebook. Alguns colegas de Letras colocaram a imagem da redação em suas timelines e, francamente, eu pensei que era uma brincadeira saída de algum site de humor! Infelizmente, não era... Mas, o pior foi a justificativa do MEC:

    "Em nota, o Ministério defendeu que o garoto ´dissertou sobre o tema sugerido´ em 20 das 24 linhas da redação. E que houve sim penalização nas competências 4 e 5, principalmente. O MEC afirma ainda que, embora ´inoportuna e inadequada´, a inserção da receita não teve a intenção de anular a redação, já que não foi ofensiva nem contra os direitos humanos."


Não escolhi o sabor "camarão" à toa...
    Será que preciso dizer que este candidato deveria, sim, ter sua "redação" anulada? Como assim, o candidato não fugiu do tema? E quantos dos profissionais do ensino concordariam comigo? Estes mesmos profissionais ultrajados por tantos problemas que vão desde salários baixos, péssimas condições de trabalho até a escandalosa e degradante "aprovação automática"!
    
    Se existem ocasiões em que sinto vergonha do nosso país é em ocasiões como esta. Como eu já escrevi certa vez, temos um governo que investe muito pouco no ensino público, mas que facilita para que o estudante ingresse nas faculdades. O mesmo estudante que sai fraquíssimo dos Ensinos Fundamental e Médio, que não sabe calcular, que não tem o mínimo embasamento em matérias como Química e Física, que não sabe escrever, não sabe interpretar. E ainda vem testar o examinador, dando uma de engraçadinho. E o que acontece? O MEC acha que está tudo bem.
    
    Que a educação pública vai de mal a pior, já sabemos. Mas, quando o próprio Ministério da Educação age desta maneira, constatamos que ela está definitivamente ameaçada!