Um desafio que faz todo o esforço valer a pena
Traduzir não é uma tarefa fácil, sobretudo se tratando de
traduzir uma história, um conto ou um poema. É necessário ler o original,
assimilar a essência deste texto e, então, escrever um novo texto na
língua-alvo. Há até uma famosa frase que diz que o tradutor é um traidor. O processo é complicado. Imaginem só traduzir grandes nomes da
Literatura como Scott Fitzgerald e George Orwell?! Isso sem mencionar que o
texto literário é algo extremamente subjetivo, ou seja, cada leitor faz uma
interpretação individual do que foi escrito. Há que se levar em conta ainda o
contexto histórico, social e cultural da época em que a obra foi produzida. O
que eu quero dizer é que não basta apenas saber ler em língua inglesa — ou
qualquer outro idioma — para traduzir um texto. Há diversos elementos
envolvidos. E o fato de cursar a faculdade de Letras acabou ampliando os meus
horizontes com relação ao complexo processo tradutório. É claro que há muitas
coisas que poderiam ser melhoradas no curso. Mas, enfim, tentei aproveitar o
melhor que pude as oportunidades e disciplinas que envolviam a teoria e a
prática de traduzir.
Em Tradução do Inglês IV, tive o primeiro contato com a
tradução literária. Foi um experiência muito interessante, em que pude
constatar a realidade desse trabalho. Principalmente, o fato de que traduzir bem vai muito além do bom conhecimento do idioma de partida. Pesquisar, por exemplo, é
essencial. E, como bem afirmou a professora Valeria, sorte que hoje podemos contar
com o auxílio da Internet, que é um meio que nos oferece diversos dicionários online,
sites especializados, fórums e, claro, a utilíssima busca de imagens. Entre
contos, trechos de livros e até um poema, devo destacar a oportunidade que tive
de traduzir Ernest Hemingway e Edgar Allan Poe, autores que dispensam
apresentação, mestres da Literatura, difíceis mas, ao mesmo tempo, autores de
textos muito bons de trabalhar.
O ápice da tradução no curso de Letras são os dois estágios
que constam no programa. No último semestre (2015/2), concluí o primeiro desses
estágios. Quando as aulas iniciaram, a professora disponibilizou uma lista dos
textos — dos mais variados gêneros — com que trabalharíamos. Cada aluno deveria escolher
o seu. Não tive dúvidas e me “joguei” em dois textos literários. O primeiro
deles foi The Boogeyman, escrito por ninguém menos do que Stephen King. E o
segundo foi o ótimo Eisenheim the Illusionist, do premiado Steven Millhauser.
Cada um deles teve seus encantos e dificuldades, mas o último deles foi
sensacional. Primeiro porque eu não conhecia Millhauser e acabei descobrindo
um autor incrível. Me envolvi tanto com o texto que senti vontade de entrar em
contato com o escritor para dizer o quanto havia gostado da obra, além de
confessar minha humilde tentativa de trazer para a minha língua nativa um dos
melhores trabalhos dele. Ainda não fiz isso, nem sei se farei. Mas, com
certeza, quero tentar publicar essa tradução. Sei que ainda preciso melhorar
alguns aspectos afinal, tradução também é prática, mas acredito que vale tentar
essa publicação.
Fiquei tão feliz quando concluí a tradução que registrei em foto |
Há um tempo atrás, eu não me considerava capaz de traduzir Literatura. Hoje, sei que é uma das tarefas que faço com o maior prazer. Uma atividade que, quando sento em frente ao computador para trabalhar, me absorve completamente. Além de melhorar meu vocabulário da língua inglesa me enriquece muito culturalmente. Não é um dos melhores ramos para o tradutor profissional pois, segundo informações que obtive, os prazos são exíguos, paga razoavelmente e o trabalho exige muito. Mesmo assim, considero essa possibilidade refletindo sobre aquela conhecida frase atribuída à Confúcio que diz "Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida". Isso é algo muito verdadeiro.
Para concluir com bom humor, deixo essa tirinha que resume de forma tragicômica a vida do tradutor literário:
Até o próximo post! ;)
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