quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Explorando o Universo: dos quarks aos quasares

Quando é possível unir o interessante com o fascinante




    Um dos assuntos de que mais gosto é a Astronomia. Não é à toa que o nome desse blog é CosmoLetras. Desde criança, eu curto observar o céu — especialmente à noite — e admirar as constelações, os planetas, as nebulosas e a Via Láctea. Como viajava muito para o interior, essa observação era facilitada e enchia meus olhos com a beleza das estrelas. Meus pais tinham vários livros sobre a Natureza, que eu folheava, curiosa e deliciada com as fotos maravilhosas e as informações interessantes que continham. Lembro também que, quando tinha cerca de 8 ou 10 anos, um acontecimento astronômico especial ocorreu por aqueles dias: um eclipse do Sol. Nessa época, eu mantinha uma espécie de “diário de coisas legais”: experiências que eu fazia, viagens, historinhas, desenhos e etc. Claro que foi ali que eu rabisquei todo um esquema do eclipse, de como os astros se posicionariam e o porquê de ficar noite em pleno dia.

    Eu cresci, a agenda de anotações se perdeu, mas o interesse pela Astronomia só aumentou. Talvez por isso meu gosto pela Ficção Científica, onde viajar pelo espaço e alcançar mundos distantes é algo não apenas fácil mas totalmente possível.

    Quando iniciei o curso de Letras, decidindo quais disciplinas eletivas cursar, me deparei na lista de opções com um nome atrativo, Explorando o Universo: dos quarks aos quasares. Não tive dúvidas, eu precisava ter essas aulas! Mas, antes, um problema: será que teria muita Física e Matemática? Infelizmente, tenho uma dificuldade crônica com cálculos mais avançados, o que certamente foi um fator que atrapalhou uma possível carreira na área de Exatas. Pergunta daqui, pesquisa dali, e acabei descobrindo que esta é uma disciplina bem teórica. Beleza! Em cada início de semestre, na hora de montar o meu horário, eu tentava encaixar Explorando. Porém, sempre colidia com disciplinas mais importantes. E o curso se desenrolando, os semestres passando e a chance de estudar o Universo se acabando... Será que eu perderia essa oportunidade? Então, eis que no segundo semestre do ano passado tudo conspirou a meu favor e a disciplina se encaixou perfeitamente nos meus horários. Felicidade, expectativa e vamos lá!



    Como eu previa, foi uma disciplina fantástica. Muita informação e muito conteúdo, como é de se esperar em algo que pretende resumir os estudos sobre o Universo em apenas um semestre. Claro que num espaço de tempo tão curto, vimos o aspecto geral de tudo, uma espécie de introdução para quem deseja ir mais a fundo, especialmente para os leigos. Como escrevi na postagem anterior, algumas coisas eu já sabia por assistir documentários, ler e pesquisar sobre Astronomia. Mas também vi muitas coisas novas e bacanas apresentadas por professores top dessa área aqui da UFRGS. Tenho certeza de que meus olhos brilhavam durante as aulas!

    Essa disciplina me oportunizou também conhecer um lugar muito famoso aqui de Porto Alegre, o Planetário José Baptista Pereira. Uma vida inteira passando na frente, sem arrumar um tempinho para ir. Como uma das aulas do programa é realizada lá, me proporcionou uma experiência fascinante. Recomendo a todos que visitem — adultos e crianças — é grátis e muito legal.



    A única coisa que lamento foi não ter feito a aula prática de observação do céu. Quero dizer, eu fiz, mas no simulador — aliás, um programa de computador sensacional que temos aqui em casa, o Stellarium. Assumo: mea culpa total! Fiquei enrolando para ir ao Observatório, aí chegou o horário de verão, o horário das observações ficou muito tarde e eu tive que me contentar com o céu virtual.

    Com relação à avaliação, esta é composta por duas provas de 10 questões objetivas além da aula prática de observação. O aluno dispõe de exercícios preparatórios (questões) que, sem dúvida, ajudam muito a conseguir boas notas. 

    Estudar o Universo faz com que a gente se sinta infinitamente pequeno e sem importância frente ao tamanho do Cosmos. Por outro lado, nos sentimos parte de algo tão grande  e magnífico, um Universo de idade e tamanho quase inconcebíveis, que faz com que compreendamos o quanto a vida humana é rara e efêmera. Sem mencionar todas as questões que surgem, entre elas: estamos sozinhos? Não, acredito que não! Fotos recentes e modernas nos apresentam uma riqueza de galáxias e outros mundos que reforçam a hipótese de vida além do planeta Terra existindo por aí. O problema é que as distâncias são tão grandes, e a tecnologia tão precária ainda (a nossa, pelo menos) que fica difícil ter certeza absoluta disso. Como exemplo, deixo esse vídeo do comecinho do filme Contato (1997), baseado na obra do grande cientista Carl Sagan e sua esposa Ann Druyan, que ilustra como é impossível dobrar as implacáveis leis da Física, o que torna viajar pelo espaço bem complicado.




    De qualquer forma, foi ótimo saber mais sobre o processo de formação do Universo. Conhecer como nascem as estrelas e os buracos negros. Descobrir o que são os quasares, supernovas, nebulosas e tudo o mais. Melhor ainda quando, voltando o meu olhar para o céu depois desse semestre, enxergar além da beleza característica, todas as informações e conhecimentos adquiridos ao longo das aulas. E, sendo eu ateia, ao observar toda a vastidão desse Universo do qual somos ínfima parte, perceber que aquela frase de Douglas Adams faz hoje um sentido muito mais especial para mim...

Isn't it enough to see that a garden is beautiful without having to believe
that there are fairies at the bottom of it too?*

*Não basta apreciar a beleza de um jardim, sem ter que imaginar que há fadas nele?


Para saber mais:

Departamento de Astronomia da UFRGS: http://www.ufrgs.br/astronomia

Para baixar o Stellarium (gratuito):


Um comentário:

  1. Estou aqui pesquisando coisas sobre a disciplina e te achei! Que amor! Amei o post, vou fuçar mais o blog❤️❤️❤️

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